Sullivan Luiz Carlos, de 23 anos, ganhou notoriedade após protagonizar ameaças contra autoridades durante uma audiência de custódia realizada por videochamada no dia 5 de junho. O episódio, que envolveu a juíza Patrícia Narciso Alvarenga, o promotor Stefano Naves Boglione, a defensora pública Bianca Nascimento e um servidor da 1ª Vara Criminal de Lavras, teve ampla repercussão depois que o vídeo com as ameaças foi divulgado na imprensa, no dia 25 de junho.
Um dia após o vazamento das imagens, na quinta-feira, 26 de junho, Sullivan foi transferido do Presídio Estadual de Lavras para a Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, localizada no Norte de Minas Gerais. A remoção foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), que destacou que o detento ficará sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), sistema com regras mais rígidas que o regime fechado, reservado a presos de alta periculosidade. Sullivan chegou à nova unidade na madrugada de sexta-feira, dia 27.
A decisão pela transferência foi motivada tanto pela gravidade das ameaças quanto pelo histórico de reincidência criminal do detento. Sullivan estava preso em Lavras desde o dia 3 de junho, após ser flagrado vendendo drogas. Poucos dias antes, em 28 de maio, ele havia sido detido por posse ilegal de arma de fogo, sendo liberado do sistema prisional em 1º de junho.
Durante a audiência de custódia, Sullivan pediu a palavra no final da sessão e fez declarações ameaçadoras direcionadas ao sistema de Justiça e à sociedade. No vídeo, ele afirmou:
"A única coisa que eu tenho que falar prôceis é o seguinte: aqui nois é número um contra o sistema. Quantas vezes eu precisar ir pra biqueira, vou ficar na biqueira, certo? Porque eu sou o inimigo número um do ceis, certo? Aqui ocês não intimida não, aqui é o crime, xará. Cê anota uma coisa: eu sou inimigo número um do Estado. Assim eu nasci, assim eu vou morrer. Quantas vezes for preciso, eu vou colocar minha cara e dar disparo pro lado de todo mundo. Vocês não me intimida em nada. O Estado tem de se f***",* declarou.
Diante da gravidade das declarações, a juíza responsável converteu a prisão temporária de Sullivan em prisão preventiva. Na decisão, ela destacou o comportamento extremamente preocupante do detento e classificou as ameaças como uma afronta ao Poder Judiciário e à sociedade. Segundo o relato da magistrada, Sullivan afirmou estar disposto a “matar e morrer” em nome do crime, além de sugerir que teria contatos fora da prisão que poderiam executar seus planos.
O histórico de Sullivan inclui ainda uma ocorrência registrada no dia 3 de junho, quando a Polícia Militar recebeu denúncias de disparos de arma de fogo na Rua K, no bairro Novo Horizonte, em Lavras. Durante a audiência, o próprio acusado confirmou ter efetuado os disparos. Na ocasião, ele foi encontrado pelos policiais com 12 porções de maconha e confessou que realizava a venda do entorpecente naquela região.