Todo mundo se assusta quando fica sabendo de um crime hediondo, mas vive entre a maldade e se deleita dela, desde que ela não ultrapasse certos limites "socialmente aceitáveis!"
O desconhecido foi morto a tiros em um beco escuro e racionalizamos indiferentemente e imediatamente: "Como o mundo está mal!"
O conhecido endinheirado mata a família com requintes de crueldade e vamos para a rua estampar camisetas e cartazes contra a violência crescente, que fortuitamente nos atingiu.
O político afamado desviou recursos públicos e, mesmo assim, o justificamos e o defendemos e votamos nele quantas vezes se fizerem necessárias.
O garoto de rua rouba nosso toca-fitas (nem sei se existe isso mais), sacamos a arma, damo-lhe um tiro e ainda balbuciamos: "Vagabundo tem que ir para o inferno mais cedo!"
Hipocrisia!!! está aí mais um traço de psicopatia - hipocrisia em doses alucinógenas!
Existe gente má? Claro! E muitas!
Pessoas que preenchem critérios para transtorno de personalidade antissocial conversam com nós o tempo todo! estima-se que 3% da população seja portador de transtorno de personalidade antissocial e que 30% destes antissociais sejam psicopatas (um grau mais avançado de insensibilidade afetivo-emocional).
Isto é, em uma cidade de 50.000 pessoas, existiriam, em média 1.500 pessoas com potencial de praticar atos contínuos de maldade e, talvez, 500 pessoas com gozo malévolo letal mais pronunciado!
Assustou com esta informação? Por isso, o título do texto: "Eu ouço gente má o tempo todo!" atenção ao seu derredor!
O que se sabe sobre o transtorno de personalidade antissocial é que teria origem ao longo do desenvolvimento da criança e adolescente, ou seja, ninguém vira mal de uma noite para o dia. Cerca de 45% das pessoas más apresentavam comportamentos opositivo-desafiador e transtorno de conduta na infância e adolescência.
A maldade vai sendo lapidada em uma base pessoal genética com importantes contribuições familiares e sociais na gênese de todo este processo.
Certas características de temperamento são compartilhadas geneticamente entre pais e filhos, o que explica, em parte, maior agregação de comportamentos antissociais em certos clãs familiares. Crianças mais hiperativas, mais extrovertidas, mais impulsivas, com baixo autocontrole menos conscienciosas são o grupo mais predisposto a gerar psicopatas.
Além de questões genéticas, fatores sociais e familiares contribuem para o processo de formação de comportamentos disruptivos, tais como, falta de vínculo entre pais e filhos, falta de disciplina familiar, exposição a violência Doméstica, maus-tratos, vizinhança violenta e influência de pares violentos.
E como identificar uma pessoa antissocial?
Veja alguns sinais:
E voltando ao início de nossa conversa, gente má existe em todo lugar e, só hoje, você já conversou com várias. Pode até ser que você que está lendo seja um sociopata. No entanto, volto a afirmar, é fácil se revoltar com comportamentos de extrema violência propagados pela imprensa, difícil, é combatermos no cotidiano, as infrações menos graves cometidas por amigos antissociais, as quais nos beneficiam esporadicamente.
Toda atitude que fere o direito dos outros tem que ser combatida desde os primeiros anos de vida de quem a comete, seja através do treinamento de solução de problemas para o infrator, do treinamento de manejo dos pais do acometido e da terapia familiar funcional e multissistêmica.
PSIQUIATRA COM FORMAÇÃO EM MEDICINA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA E RESIDÊNCIA MÉDICA EM PSIQUIATRIA PELO CENTRO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICO DE BARBACENA DA FUNDAÇÃO HOSPITALAR DE MINAS GERAIS.
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