Quem já teve um pedaço de fronha do qual nunca desgrudava quando bebê? E o ursinho de pelúcia que ficava velhinho, mas não jogávamos fora, mesmo que ganhássemos outro novo! Quem não se lembra do coelhinho da Mônica - o Sansão, com o qual ela batia no Cebolinha? E o melhor amigo de Charlie Brown - Linus Van Pelt, que andava com seu cobertor de segurança! Estes são exemplos de objetos transicionais. Um conceito prático em psicanálise que simboliza a mediação entre a mãe e seu filho que permitirá o desenvolvimento psíquico saudável do mesmo. Os objetos transicionais acalmam os sintomas ansiosos da criança e permitem a mesma se tornar independente e feliz ao longo de nosso crescimento, os objetos transicionais perdem sua materialidade e permanecem como ideias ou significados mentais que nos nortearão.
Uma família bem estruturada se comunica por objetos transicionais. Mesmo ao envelhecermos, guardamos lembranças de nossos pais e avós. Um anel de brilhante que foi da bisavó, um tacho de cobre que a mamãe fazia aquele doce de leite saboroso, um ferro de passar antigo que funcionava com brasas de carvão, a bicicleta de ferro de um tio querido que partiu, enfim, mais uma vez encontramos nestes objetos herdados uma calma tão grande, que mesmo em situações em que estamos a fazer "besteira", lembramo-nos de quem somos, de onde vimos e nos permitimos nos endireitarmos novamente nos trilhos corretos da vida. Os símbolos religiosos aqui também se aplicam, basta olharmos um relicário e uma vasta coleção de valores de conduta se apresentam.
O natal também é um exemplo disto tudo que conversamos até aqui. O natal representa em nossa cultura ocidental cristã o nascimento de cristo, mas, como psiquiatria não é uma vertente da religião, mas ciências que se complementam, o natal aqui adquire um valor psicanalítico especial, é o momento nobre em que lembramos quem somos. Encontramo-nos com nossa essência humana básica. Nesta época, a manjedoura nos remete ao nosso nascimento, nus e desprotegidos, pobres ou ricos viemos ao mundo desta forma. A árvore com suas bolas e luzes nos remetem ao que podemos ser ao longo da vida, seres frutíferos e de uma brilho particular. Nos presentes e nas ceias a solidariedade se firma, somos capazes de retiramos partes de nossa renda anual para presentearmos nossos amigos e para ajudarmos desconhecidos. Comemos com quem amamos como na infância fazíamos. No natal, renovamos anualmente nosso compromisso conosco, com nossa família e com nossos próximos. Em resumo, o natal mantém o ser humano vivo! Ele é nosso "cheirinho " de infância, é nossa estrela guia. Perder essa essência natalina é se desestruturar como ser humano. Feliz natal a todos! Que a ceia de todos nós não seja rica apenas em alimentos sólidos, mas em valores e significados transformadores!
PSIQUIATRA COM FORMAÇÃO EM MEDICINA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA E RESIDÊNCIA MÉDICA EM PSIQUIATRIA PELO CENTRO HOSPITALAR PSIQUIÁTRICO DE BARBACENA DA FUNDAÇÃO HOSPITALAR DE MINAS GERAIS.
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